quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Rios


Rios, esses longos e gélidos rios
Fonte outrora de vida, cor
Agora correm cinza, correm ao sabor do desespero e amargura
Àgua turva, negra, corrompida
Tal como minh´alma
Ferida, deixada a sua sorte
Sem rumo, calor
Entidade errante, sem vontade
Onde jamais luz alguma voltara a tocar
Onde o constante murmúrio da solidão sopra sem cessar
Caminhando a teu lado rio sem riso, onde a luz da lua reflecte
Reflecte tudo o que outrora fostes
O que outrora eu também poderia ter sido
Ele leva em seu morto leito memorias, gritos de fé
Melodias vivas
Deixando a minha frente sombras
Esboços daquilo que eu procurava
De tudo o que queria
Mas que jamais poderei alcançar
Deixo-me levar mergulhando em ti
Por mim passa tudo aquilo que me fez viver
Por meus olhos passa o vermelho, vermelho de vida que agora me abraça em morte
Mudo por instantes tuas águas na esperança que assim possas viver
Viver tudo o que eu deixei por ser
Deixo em tuas águas a esperança de reviver
De deixar em ti a marca do meu eterno ser